Informações pessoais

PESQUISADORA PRINCIPAL: Maria Lígia Conti
Sorocaba, SP, Brazil, 18017-129
fone : 9726-4857,
mligia-conti@uol.com.br

PROPOSTA - Pesquisadora solicitante
Perfil

Maria Lígia Conti – Professora Graduada (Sorocaba, 1996). Mestra em Educação (Sorocaba, ago. 2011).


INFORMAÇÃO PARA CONTATO
Pesquisadora Principal/Propositora do Projeto

Nome: Maria Lígia Conti
Email: mligia-conti@uol.com.br
Phone: (55-15) 9726-4857
URL: www.motherrace.blogspot.com
Endereço: Sorocaba - SP – 18017129 - Brasil
Document # CPF.: 20487501845

Projeto completo - Proposta

19 de julho de 2010
Proposta: Linhas Gerais
Informações sobre o Projeto Go-Ethiopia 2012

Pesquisadora Principal: Maria Lígia Conti
Membro do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira (NUCAB/UNISO) desde 1994

Quantia requisitada em patrocínio: R$14.000,00
Data final para os financiamentos/doações: 10 de janeiro, 2012

OBJETIVO GERAL DO PROJETO

Investigar como se procede a educação entre os povos africanos não urbanizados, com  foco na relação mães e filhas. Perceber como se identificam e como enfrentam os constantes e cada vez mais violentos avanços da globalização. Observar a cultura familiar transmitida pelas mães às filhas e a relação dessas com a escola e os ensinamentos que essa oferece.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Viajar à Etiópia em um programa de 12 meses. Acompanhar, em pesquisas de campo, o professor de História da Etiópia, Gideon Addise*, na Universidade de Addis Ababa, capital. Visitar pessoas, vilas, cidades, mercados e centros educacionais (de ensino infantil e universitário), de forma a apreender os modos de vida do etíope, sua cultura e valores; produzir documentos fotográficos, filmes e entrevistas, de modo a obter material necessário para produção de um livro (paradidáticos ou literários) para crianças; produzir filmagens curtas/documentários de forma a trazer a(o) estudante e professor(a) brasileiros(as) informações sobre costumes e tradições africanas (de um único país em princípio, porém um local simbolicamente representativo). Objetivo, assim, levantar questionamentos sobre as origens do povo brasileiro, aumentar o interesse pelo momento histórico que marca a entrada dos africanos na composição social desta nação, permitindo que crianças, adolescentes e adultos afro-descendentes encontrem orgulho em seus ancestrais, e que os não afro-descendentes possam respeitar seus iguais pelo valor de sua história.
• O prof. Addise investiga especialmente os povos Hadiyya, da Região do Omo Valley. Um dos povos mais antigos da Etiópia, portanto, da África.

JUSTIFICATIVA
BREVE HISTÓRICO DA NAÇÃO ETÍOPE:

Considerando que a maioria dos Estados africanos, na atual configuração, tem muito menos de um século de idade, a Etiópia é o mais antigo país independente continuadamente desde tempos passados. Um Estado monárquico, que ocupou a maioria de sua história, a Dinastia Etíope, tem suas raízes no século X a.C..
Quando o continente africano foi dividido entre as potências europeias na Conferência de Berlim, a Etiópia foi um dos dois únicos países que mantiveram sua independência. A nação foi uma dos três membros africanos da Liga das Nações, e, após um breve período de ocupação italiana, tornou-se membro das Nações Unidas. Quando as outras nações africanas receberam sua independência, após a Segunda Guerra Mundial, muitas delas adotaram cores da bandeira da Etiópia, e Addis Abeba, sua capital, tornou-se a sede de várias organizações internacionais focadas na África. Em 1974, a dinastia, liderada por Haile Selassie, foi deposta. Desde então, a Etiópia foi um Estado secular com variação nos sistemas governamentais. Hoje, Addis Abeba ainda é sede da União Africana e da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África.
Além de ser, em si, um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos conhecidos por cientistas de hoje, que estudam os traços mais antigos da humanidade; podendo potencialmente ser o lugar em que o homo sapiens se originou. A Etiópia tem o maior número de Patrimônios Mundiais da UNESCO na África. O país também tem laços históricos próximos com as três maiores religiões abraâmicas do mundo. A Etiópia foi um dos primeiros países cristãos no mundo, tendo oficialmente adotado o cristianismo como religião do Estado no século IV. O país ainda tem uma maioria cristã, porém um terço da população é muçulmana. A Etiópia é o sítio do primeiro Hégira na história islâmica e da mais antiga população muçulmana na África, em Negash. A nação também é o berço espiritual da religião Rastafari. Até os anos 1980, uma população significativa de judeus etíopes residiram na Etiópia. Além disso, o país tem, ao todo, cerca de 80 grupos étnicos diferentes, com o maior sendo o Oromo, seguido pelos Amhara, ambos falantes de línguas afro-asiáticas. O país também é famoso por suas igrejas talhadas em pedras e como o lugar onde o grão de café se originou.
No período após o derrube da monarquia (1974), a Etiópia transformou-se em um dos países mais pobres do mundo. Ela sofreu uma série de períodos trágicos de fome, na década de 1980, resultando em milhões de mortes. Lentamente, no entanto, o país começou a se recuperar, e hoje a economia etíope é uma das que mais crescem na África. (fonte: Wikipédia)

POR QUE ESCOLHI A ETIÓPIA?
Sendo, como vimos, uma nação que por tantos anos se preservou da dominação europeia, a Etiópia deverá der um local onde as origens africanas têm se mantido intactas por muitas centenas de anos – livre dos padrões europeus de beleza, de consumo, de necessidades etc, que nos são tão conhecidos e aos quais tanto nos subordinamos. Essa África nativa, “original”, é a África que busco em minha pesquisa. Há inúmeros questionamentos, algumas hipóteses e, ainda, nenhuma resposta.
A LEI 10.639/03 determina o ensino de assuntos relativos à África e às africanidades. Porém, o conhecimento que nós (adultos em geral, os responsáveis pelo levantamento daquelas questões) temos desses assuntos é imensamente restrito, ainda que cresça a cada dia. Pouco se sabe da África, além das informações que são trazidas pelas manchetes: fome, guerras civis, AIDS/HIV, o antigo(?) apartheid, mamíferos, caças ilegais... Mas o que me interessa (como propositora deste projeto) é conhecer a África do dia a dia, a vida das pessoas, o que pensam, o que valorizam, o que conhecem e desconhecem, como se veem (frente uns aos outros e frente aos não negros), como as meninas se percebem e como percebem o mundo além das suas vilas, de seus costumes, e a relação mães e filhas, no processo de ensino e cultivo da cultura dos povos.
Pensar África e visitar uma única nação pode parecer, em princípio, uma ingenuidade absurda – como se pudéssemos conhecer a Europa ou mesmo as Américas visitando um único país. Minha intenção, como propositora do projeto, é clara – pretendo, com o tempo e as possibilidades, ir além, visitar novas fronteiras – Mas, há que se começar. E optei por Etiópia pelo acima exposto – sua “integridade negra” – além das recentes descobertas científicas, da origem do café, das paisagens, das inúmeras culturas que se pode encontrar por lá. Enfim, em meu entender, a Etiópia é um país negro em sua essência é isso é o que busco.

POR QUE BUSCO UM PAÍS NEGRO?
Neste momento, talvez seja interessante dizer que eu não sou negra na cor de minha pele – não tenho ascendência africana próxima (tanto quanto sei). Sou profissional da educação.
Pessoalmente, como pesquisadora do Projeto Go-Ethiopia 2012, membro do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira da Universidade de Sorocaba, amiga de negros que fazem a diferença em minha vida, acredito que entre tantas coisas, falta ao negro brasileiro conhecer suas origens – não a origem escrava, que não é origem em si. A escravidão teve sua história que não pode ser apagada, é preciso que a conheçamos, e bem, que nos lembremos dela, é necessário que haja museus, monumentos e muitos lugares de memória, para que não se repitam jamais aqueles dias. Mas a origem a que me refiro é a própria África. Os afro-brasileiros têm seus sobrenomes dados pelos senhores que um dia tiveram a posse de homens e mulheres (posse de seus corpos, nunca de seus espíritos). Além desse aspecto, registros fraudulentos, queima de documentos, ilegalidade no tráfico, fugas, roubos, trocas e muitas outras questões estão envolvidas na questão da “perda de identidade” dos negros afro-brasileiros, descendentes de inúmeros povos africanos que foram escravizados nos séculos anteriores ao XX. Não saberão contar sua origem africana, não saberão dizer como aqui chegaram seus ancestrais (não por outra informação que não seja a própria história do comércio escravagista – limitada e incoerente em muitos casos). Enfim, penso que conhecer a África, em sua geografia, suas culturas, costumes, dificuldades, vitórias, perdas, conquistas; seus animais (que vão muito além do leão, o elefante e a girafa), rios, arquitetura... conhecer a África poderá ser uma oportunidade de se reconhecer. Penso que valorizando a África (todo o seu continente de riquezas imensuráveis, os africanos, a História) será possível trazer ao afrodescendente a noção de pertencimento que tem o descendente europeu (por exemplo, os hoje netos dos imigrantes italianos, japoneses, espanhóis etc). Esses descendentes dos europeus, entre os quais me incluo, nos sabemos brasileiros. Amamos esta nação, mas conhecemos e respeitamos nossas origens, temos orgulho delas, orgulho das lutas travadas por nossos ancestrais em suas terras e em terras brasileiras, e penso que o mesmo pode acontecer com os afrodescendentes, caso tenham a oportunidade de “desbravar’ a África.
Etiópia será um ponto de início, futuros pesquisadores podem ir além, são 54 países a serem pesquisados – um mar de culturas, um mundo de histórias – um tesouro escondido a céu aberto.
Estarei buscando raízes – costumes, crenças, organizações sociais, valores – como são trabalhadas as questões étnicas e, principalmente, como se veem os etíopes. Busco a África que representa grande parte da nação brasileira em sua cultura, costumes, tradições, cor de pele etc...

ATIVIDADES PROPOSTAS

Meu itinerário, com o acompanhamento do prof. Gideon Addise, da Universidade de Addis Abeba, consta de visitas a grupos nativos, que vivem longe de centros urbanos e, também, a centros urbanos, como a capital Addis Abeba, onde visitaremos Museus, a Universidade, escolas, templos religiosos (cristãos ortodoxos, mulçumanos e templos de cultos tradicionais do país). Buscarei entrevistar pessoas nesses diferentes lugares, encontrar histórias nesses dois mundos distintos que são a cultura urbana e a nativa, os progressistas e aqueles que se mantém integrados com a natureza, em sua forma mais primitiva, em alguns casos.
Conduzirei, pois, uma pesquisa acadêmica, levada a cabo por entrevistas, filmagens, fotos, observação, anotações e conversas (tanto quanto puder acolher no espaço de um ano).

PRODUTO ESPERADO

A ideia inicial é traduzir essa visita em um produto material de uso coletivo na escola brasileira. O material coletado nessa viagem será transformado em produto paradidático/literário direcionado a crianças, além de filmagens curtas (reportagens/documentários editados na volta, no Brasil) buscando de trazer à tona conversas, discussões, questionamentos – enfim, trazer à tona a existência de uma África histórica.
Além desses produtos concretos, ou, talvez, com esses produtos concretos, esperamos um produto não mensurável em termos de mercado e prazo – esperamos gerar a curiosidade, a ânsia por conhecimento e muitas perguntas, além de possibilidades de respostas.

RESULTADOS ESPERADOS

Trazendo conhecimento sobre a África (inicialmente representada pela Etiópia), melhorando o acesso ao conhecimento da realidade de um país africano, buscarei desmistificar a imagem que se tem, muito comumente, da África, no Brasil. Pretendo oferecer, na medida de meus limites, alguma oportunidade para que o brasileiro (em grande parte afrodescendente) possa encontrar razões para querer saber mais. Aos afrodescendentes desejo trazer oportunidade de se sentirem orgulhosos de se reconhecerem negros na origem. Àqueles que não tenham em seu sangue uma conexão próxima com a África, desejamos oferecer uma oportunidade de aprender sobre seus iguais - de pele negra, marrom, parda, morena, como for que se possa chamá-la - e de respeitá-los pelo que eles têm de real na importância histórica de sua existência e participação na construção da sociedade humana.

OBTENÇÃO DE FUNDOS PARA A VIAGEM

A fim de viabilizar as pesquisa de campo a serem levadas a cabo nas vilas/tribos etíopes, conto com financiamento de pessoas/entidades que tenham afinidades com os temas: África; Africanidades, Educação; Igualdade; Direito; História; Pesquisa; Antropologia; Sociologia.
Contato para as doações - mligia-conti@uol.com.br

Orçamento:
Objetivo / Número / Valor total (aprox.em Reais)

Visitas de campo (pesquisa guiada – carro, motorista e tradutor, com acampamento e alimentação) R$7.000,00*
O projeto prevê, ainda, a necessidade de câmera fotográfica e filmadora, pen drive, chips reserva para arquivo de material coletado, e notebook. R$ 7.000,00

Total 14.000,00**



DATA PROGRAMADA PARA A VIAGEM
Saída: 21 de fevereiro de 2011
Retorno: 28 de março de 2011
Maria Lígia Conti

* Na Etiópia, o idioma oficial é o amárico (falado pro 26% da população) - os diversos grupos étnicos falam 80 idiomas e 200 dialetos. A língua inglesa será encontrada em alguns lugares na capital, mas, para viagens, haverá a necessidade absoluta de um tradutor e um motorista que conheça as estradas e caminhos pelos lugares mais seguros. A necessidade de água limpa, alimentação e acampamento com segurança geram despesas muito acima do que aquelas esperadas no cotidiano na zona urbana.
** Para despesas diárias na capital (moradia e alimentação, estarei trabalhando - já contratada numa escola americana, no ensino de pré escolares)